Dessa forma foi possível continuar os atendimentos sem que as mulheres em atendimento tivessem um prejuízo maior.
Sabemos que a disfunção sexual pode afetar negativamente a qualidade de vida da mulher, além de afetar também sua relação interpessoal, sendo imprescindível continuar prestando assistência para essa mulher. Contudo o atendimento a distância pode ser um pouco limitante.
O que temos de evidência no tratamento da fisioterapia nas disfunções sexuais?
Sabemos que a função do assoalho pélvica afeta diretamente a função sexual feminina. Uma musculatura hipotônica pode levar a dor durante a relação sexual, dificuldade de orgasmo. Uma musculatura hipertônica ou hiperativa pode levar a dor durante a penetração.
E há evidências que o músculo do assoalho pélvico com um boa função, a mulher tem uma boa função sexual, e que treinamento dos músculos do assoalho pélvico pode melhorar essa função sexual.
Porém para realizar o treinamento dos músculos do assoalho pélvico deve se passar por uma avaliação da fisioterapia, e essa avaliação não é recomenda ser realizada de modo remoto. Então, devemos apenas realizar o treinamento dos MAP se já realizamos a avaliação dessa mulher.
Nos casos das disfunção dolorosa, normalmente está associado a uma hipertonia dos MAP, mas só podemos afirmar em uma avaliação presencial. Então, nesses casos como podemos realizar nosso atendimento???
Primeiramente realizar uma anamnese colhendo todos os dados importantes e que podem afetar a função sexual dessa mulher. Uma avaliação postural e de movimento corporal fica comprometida mas pode ser realizada.
E pensando no tratamento. Uma das primeiras coisas que deve ser feita num tratamento de disfunção sexual, independente se for presencial ou remota, é a educação sexual e orientação.
Educação ensinando a anatomia do corpo feminino, principalmente os órgãos genitais, ensinar sobre a fisiologia da resposta sexual e explicar o que pode estar acontecendo no corpo dessa mulher que dificulta ter uma relação sexual satisfatória.
E após esse processo de educação, passar as orientações, orientação de autoconhecimento, de autocuidado e de autofocagem.
Toda essa parte de educação e orientação pode muito bem ser realizada de maneira remota e auxilia no tratamento dessa mulher.
Também pode ser orientada, e acho super válido, a orientação em relação ao autotoque, para que a paciente tenha percepção das regiões que são dolorosas para ela, e se ela conseguir realizar o autotoque, realizar também a massagem perineal. A automassagem traz inúmeros benefícios, e pode auxiliar na quebra do ciclo de dor e espasmo muscular.
O teleatendimento nunca irá substituir o atendimento presencial, mas ele pode auxiliar muito essas mulheres, e inclusive ajudar também mulheres que não tem uma fisioterapeuta acessível para realizar o atendimento presencial.
Referências
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